Material apreendido na Operação Placebo é prova para pedido do afastamento de Witzel, diz procurador
Procurador da República afirmou que operação não tem caráter político. E-mail de contratos para a primeira-dama foram encontrados pelos investigadores.
As raízes das ações do Ministério Público Federal contra o governador Wilson Witzel, afastado nesta sexta-feira (29) estão na Operação Placebo. Foi o que afirmou o procurador da República Eduardo El Hage.
“Fizemos busca e apreensão durante a Operação Placebo. Foi feita uma busca no palácio e, a partir dela, com quebra de sigilo fiscal, bancário, telemático e informações do Coaf, conseguimos congregar e juntar uma quantidade de provas muito extensa em desfavor do governador Wilson Witzel”, disse o procurador da República.
Representantes do Ministério Público Federal e da Polícia Federal fizeram uma entrevista coletiva, no fim da manhã desta sexta-feira (28) para detalhar operação que levou ao afastamento do governador Wilson Witzel (PSC-RJ).
Wilson Witzel se manifestou na manhã desta sexta-feira
Segundo o procurador, Witzel tenta desviar o foco dos crimes que, segundo o Ministério Público Federal, teria cometido. Para isso, ele mencionou comunicação eletrônica interceptada entre o chefe do Executivo estadual e pessoas denunciadas por colaboradores da investigação.
E-mails com contratos para primeira-dama
Sobre os e-mail apontando indícios de prática ilícita, a Procuradoria Geral da República (PGR) cita que a quebra de sigilo permitiu encontrar dois e-mails enviados pelo governador a sua esposa, com a minuta do contrato de prestação de serviços advocatícios entre ela e o Hospital Jardim Amália. Na sequência, ele encaminhou a minuta desse contrato para si.
“Em pesquisa às propriedades do arquivo, constata-se que a minuta foi inicialmente elaborada por Victor Zamprogno, advogado que já estava constituído anteriormente e representava o HINJA. Observa-se que a primeira-dama, apesar de ser advogada e ser quem figurava como contratada, não participou diretamente da negociação do próprio contrato de prestação de serviços advocatícios”.
A primeira-dama teria recebido R$ 280 mil do hospital.
“Nas buscas realizadas no escritório de Helena Witzel não foi encontrado nenhum documento ou evidência que demonstrasse sua atuação como advogada, salvo uma petição. Assim, apesar de a contratação envolver somas consideráveis (com aditamento de valores expressivos), não se encontrou evidências da prestação de serviços”, diz a PGR.
Ainda de acordo com o procurador El Hage, todo o material reunido pelo MPF aponta para a existência de um grupo que opera atividades ilegais nos escalões mais elevados do Palácio Guanabara.
Witzel e esposa, Helena
E-mails com contratos para primeira-dama
Sobre os e-mail apontando indícios de prática ilícita, a Procuradoria Geral da República (PGR) cita que a quebra de sigilo permitiu encontrar dois e-mails enviados pelo governador a sua esposa, com a minuta do contrato de prestação de serviços advocatícios entre ela e o Hospital Jardim Amália. Na sequência, ele encaminhou a minuta desse contrato para si.
“Em pesquisa às propriedades do arquivo, constata-se que a minuta foi inicialmente elaborada por Victor Zamprogno, advogado que já estava constituído anteriormente e representava o HINJA. Observa-se que a primeira-dama, apesar de ser advogada e ser quem figurava como contratada, não participou diretamente da negociação do próprio contrato de prestação de serviços advocatícios”.
A primeira-dama teria recebido R$ 280 mil do hospital.
“Nas buscas realizadas no escritório de Helena Witzel não foi encontrado nenhum documento ou evidência que demonstrasse sua atuação como advogada, salvo uma petição. Assim, apesar de a contratação envolver somas consideráveis (com aditamento de valores expressivos), não se encontrou evidências da prestação de serviços”, diz a PGR.
Ainda de acordo com o procurador El Hage, todo o material reunido pelo MPF aponta para a existência de um grupo que opera atividades ilegais nos escalões mais elevados do Palácio Guanabara.
Atuação semelhante a de Sérgio Cabral
O procurador Eduardo El Hage afirmou ter tido a sensação de estar em um “túnel do tempo”. Ele estabeleceu uma comparação do modo de operar do esquema de corrupção com o sistema usado pelo ex-governador Sérgio Cabral.
“O que nos surpreendeu foi a utilização de várias tipologias que eram muito semelhantes ao governo [de Sérgio] Cabral. Utilização de escritório de advocacia para lavagem de recursos, inexistência de prestação de serviços, pagamentos de vantagens indevidas, utilização de transportadoras de valores, no caso do Cabral havia a transportadora a TransExpert e neste caso a menção à transportadora Fênix, existência de doleiros no Uruguai”, disse El Hage.
“Na operação de hoje, nós nos vimos em um túnel do tempo. Revendo velhos fatos que já havíamos investigados, mas com outros personagens”, completou.
O que dizem os citados
Em nota, o governador Wilson Witzel afirma que recebeu com surpresa a decisão de afastamento do cargo, que considera que foi “tomada de forma monocrática e com tamanha gravidade”. Os advogados dele aguardam o acesso ao conteúdo da decisão para tomar as medidas cabíveis.
“A defesa do governador Wilson Witzel recebe com grande surpresa a decisão de afastamento do cargo, tomada de forma monocrática e com tamanha gravidade. Os advogados aguardam o acesso ao conteúdo da decisão para tomar as medidas cabíveis”.